sexta-feira, 13 de junho de 2025

Anabolizantes comprometem fertilidade mesmo após interrupção do uso

Anabolizantes prejudicam a qualidade dos espermatozoides mesmo após anos de interrupção do uso, diminuindo a fertilidade

Francisco Mazzoni
Isaac Tayão
Renato Lima
Victor Cruz
Email: jornalinformesaude125c@gmail.com
Em: 09/05/2025

No início de 2025, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu a prescrição de esteroides anabolizantes para fins estéticos, com o objetivo de combater o uso abusivo dessas substâncias e seus efeitos nocivos à saúde. De acordo com o Dr. Rodrigo Rosa, médico especialista em reprodução humana e diretor os esteroides anabolizantes afetam profundamente o funcionamento natural dos testículos. Isso ocorre porque o aumento artificial da testosterona no organismo, provocado pelo uso desses hormônios sintéticos, acaba inibindo a produção de hormônios naturais responsáveis pela maturação das células reprodutivas, como os espermatozoides. O resultado pode ser uma redução parcial ou até total da fertilidade masculina, com prejuízos que podem se prolongar por até mesmo por toda a vida. Apesar dessa medida ter contribuído para a redução do consumo, os danos causados pelo uso prolongado de anabolizantes ainda preocupam médicos e especialistas, principalmente no que diz respeito à fertilidade masculina. A medida foi adotada para conter o uso excessivo dessas substâncias, conhecidas por seus efeitos colaterais graves. Embora tenha ajudado a reduzir o consumo, médicos ainda alertam para os danos provocados pelo uso prolongado dos anabolizantes, especialmente na fertilidade masculina. 

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Imagem: dletaja.org 

Estudos científicos reforçam essa preocupação. Além disso, estudos científicos vêm confirmando os efeitos nocivos a longo prazo. Um artigo publicado em março de 2021 no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism acompanhou 132 homens entre 18 e 50 anos, todos praticantes de musculação. Eles foram divididos em três grupos: os que nunca utilizaram anabolizantes, os que estavam utilizando durante o estudo, e aqueles que haviam interrompido o uso há mais de três anos. Para medir a função testicular de forma mais precisa, os pesquisadores analisaram os níveis de INSL3, um peptídeo semelhante à insulina que é produzido pelas mesmas células que sintetizam a testosterona. Os resultados foram preocupantes. Tanto os usuários quanto os ex-usuários apresentaram níveis significativamente reduzidos de INSL3, em comparação com os homens que nunca usaram esteroides. Além disso, observou-se que quanto maior o tempo de uso dos anabolizantes, maior era a disfunção testicular identificada. 

Apesar dos riscos, o Dr. Rodrigo afirma que, com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível recuperar parte da fertilidade. Ele recomenda mudanças no estilo de vida, como alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos, abandono do cigarro e moderação no consumo de álcool. Reduzir o estresse e manter relações sexuais frequentes durante o período fértil da parceira também podem aumentar as chances de concepção natural. Para casos em que a fertilidade natural não é recuperada, técnicas de reprodução assistida, como a Fertilização In Vitro (FIV), podem ser indicadas. Uma alternativa avançada é a ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), que consiste em selecionar um espermatozoide saudável e inseri-lo diretamente no óvulo, aumentando as chances de sucesso mesmo quando a qualidade espermática é muito baixa. Por fim, o especialista reforça que cada caso deve ser avaliado individualmente, considerando fatores como idade, histórico de saúde do casal e tempo de uso dos esteroides. 


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